quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Do Muito e do Pouco

Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

É muito quadro pr'uma parede
É muita tinta pr'um só pincel
É pouca água pra muita sede
Muita cabeça pr'um só chapéu
Muita cachaça pra pouco leite
Muito deleite pra pouca dor
É muito feio pra ser enfeite
Muito defeito pra ser amor
É muita rede pra pouco peixe
Muito veneno pra se matar
Muitos pedidos pra que se deixe
Muitos humanos a proliferar

Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

É muito quadro pr'uma parede
É muita tinta pr'um só pincel
É pouca água pra muita sede
Muita cabeça pr'um só chapéu
Muita cachaça pra pouco leite
Muito deleite pra pouca dor
É muito feio pra ser enfeite
Muito defeito pra ser amor
É muita rede pra pouco peixe
Muito veneno pra se matar
Muitos pedidos pra que se deixe
Muitos humanos a proliferar

Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois
Se em terra de cego quem tem um olho é rei
Imagine quem tem os dois

Oswaldo Montenegro

2010

Último

é assim.
novas andanças.
novos trilhares.

despedida, enfim.
triste não fico.
vou porque quero.
saudades, talvez.
momentos, talvez.

parede, pó, pia, planta.
tudo em mim.
digo adeus
para um passo maior
desabrochar é preciso.

como diria o poeta
tudo passa.
tudo passa.
e chega a vez...
último dia.
último momento.
última palavra.

O último é o infinito recomeço.

Paula Cristina

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Depois de tanto tempo,

volto a escrever.
Depois de tanto tempo.
Calendários e datas que correm.
Cabeças que voam.
Tempo que mata.

Escrever é a única coisa que me salva.
Completamente.
Salvação única, exclusiva minha, pois que são minhas palavras.
E de ninguém mais.

Paula Cristina

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Brincando com o português


As fábricas fazem os lápis.
Os lápis são feitos pelas fábricas.
Pelas fábricas os lápis são feitos.
São feitos pelas fábricas os lápis.
Os lápis pelas fábricas são feitos.
Pelas fábricas são feitos os lápis.
São feitos os lápis pelas fábricas.
Fazem-se lápis!

Os lápis são fazidos!


Paula Cristina

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Questionamentos Fragmentados

Ando sem tempo... Ou o tempo anda sem mim?
Parece que a vida parou... Ou eu estou parada?

Não sei. Não sei. Tudo é tão corrido e tão corriqueiro que não se percebe a vida, não se percebe que tudo está acontecendo.
Uma aranha tece a teia, uma borboleta bate as asas, uma pessoa morre, outra nasce. É assim. E não é percebido. O mais grotesco é que nada é percebido. Nada. Nem mesmo nós mesmos...

Paula Cristina

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Alegria




Todo jeito

de alegria

festa flor

pão vinho

e amor


Paula Cristina

terça-feira, 24 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Crueldade

Crueldade sua
A minha alva lágrima
Sua prepotência indevida
***
***
***
**
*
Paula Cristina

Questão de imagem




quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Escutei

... de certa pessoa: "eu não quero o mal desta pessoa. Eu quero o meu bem". Como podemos querer o nosso bem, causando mal ao outro?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Anniversarius

Ontem foi o meu aniversário e também o de meu pai: aniversário duplo.

Recomeço e mudança.
Meu ano novo começa agora.
Faço metas, mudo a agenda.
Jogo a antiga fora.
Rasgo folhas e viro a página.
Ciclo novo.
***
Paula Cristina

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Desejo

Olhares e sentidos
Olhares e apertos
Desejo.

Bocas e vontade
Bocas e delírios
Desejo.

Pernas e braços
Cabelos e peles
Desejo.

Sorrisos e lágrimas
Alma e corpo
Amor.

Paula Cristina

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As Palavras Poupadas

Levanta-se da mesa. Lá fora, num relógio qualquer, batem duas horas. Daí a momentos, daí a uma eternidade, levantar-se-á da mesa outra vez. E amanhã. E depois. E daí a muitos anos. Tudo morre à noite, dizia Claude. Mas não, a vida é longa, desliza e escorre sem uma quebra. Uma sucessão de acontecimentos, uma corrente sem fim de palavras ditas e de palavras poupadas. Dessas principalmente.

As Palavras Poupadas, 1961
Maria Judite de Carvalho

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Travessia II

A travessia

Tempestuosa é a nossa travessia.
A vida é diferente ao cruzar a ponte.
Elos de mudança.
Tempestuosa é a nossa travessia
Que teremos de um dia fazê-la
Não penses que é a morte
Não é.
Estou falando da vida.
A vida é diferente ao cruzar a ponte.
Nem melhor nem pior.
Apenas outra.
Outra vida.

Eu poderia dizer
Eu não sou tão forte assim
Para ser
Tenho medo de perder-me

Você pode dizer o que quiser
E pensar da maneira como quiser

It´s only.

But it´s the Life.
É a travessia.

Paula Cristina

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lua e Flor

Eu amava como amava um cantor
De qualquer clichê, de cabaré, de lua e flor.
Eu sonhava como a feia na vitrine,
Como carta que se assina em vão.

Eu amava como amava um sonhador,
Sem saber porque, e amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia amanhece, não.

Eu amava como amava um pescador
Que se encanta mais com a rede que com o mar.
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar,
Se soubesse como te encontrar

Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Novembro


Um poema escrito e reescrito

Latim versus
Puella amat
Rosae

Amor,
Quando eu te vi pela primeira vez
Não soube o que era.
Desejo. Devaneio. Loucura.
Não era.
Era Amor.

Latim versus
Puella amat
Rosae

(A ideia central do poema, a 2ª estrofe, foi escrita numa "barriga")


Paula Cristina

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Atestado

Eu, L´essentiel est invisible pour les yeux, atesto, para fins emocionais, que Mon amour está sob constante atendimento neste órgão, digo coração.
Declaro ainda que Mon amour precisa de 100 anos de alegrias, paz e amor junto a L´essentiel est invisible pour les yeux.

Sem mais,
SBCampo, __ / __/ __

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Jesus numa moto

Sá, Rodrix & Guarabyra
Composição: Zé Rodrix

Preso nessa cela
De ossos, carne e sangue,
Dando ordens a quem não sabe,
Obedecendo a quem tem,
Só espero a hora,
Nem que o mundo estanque,
Prá me aproveitar do conforto,
De não ser mais ninguém.

Eu vou virar a própria mesa,
Quero uivar numa nova alcatéia,
Vou meter um "marlon brando" nas idéias,
E sair por aí,
Prá ser jesus numa moto,
Che guevara dos acostamentos,
Bob dylan numa antiga foto,
Cassius clay antes dos tratamentos,
John lennon de outras estradas,
Easy rider, dúvida e eclipse,
São tomé das letras apagadas,
E arcanjo gabriel sem apocalipse.

Nada no passado,
Tudo no futuro,
Espalhando o que já está morto,
Pro que é vivo crescer,
Sob a luz da lua,
Mesmo com sol claro,
Não importa o preço que eu pague,
O meu negócio é viver,
Sob a luz da lua...
Mesmo com sol claro...
Preso nesta cela...

Aprenda

"Aprenda que uma pessoa pode ferir seu corpo,
mas jamais poderá ferir sua emoção, a não ser que você permita."
Augusto Cury

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Almeida Faria

"...todos os dias ali pessoas pagam promessas a um Deus que não as ouve e que perseguem..."
p. 72
***
"...porque não serei eu nunca um homem novo? durmo, velo, sonho, lembro; a vida é isto: tempo."
p. 76
***
"... deus, tem piedade dos que arrotam de fome, salva-os ao menos, como esperam, desta pocilga..."
p.81
***
"... que os homens, ao deitarem-se nas duras camas do trabalho em que as mulheres, magras e pacientes de calma permanência, de aflita espera, esperam, são mais ternos para elas e a elas prometem, cheios duma esperança abstracta, um futuro melhor de paz e pão..."
p.111
***
"... nunca compreendeu que, na tacanha sociedade arcaica em que vivia, a mulher é aquilo que o homem fizer dela, e ele fez dela um corpo apático, favorecendo e completando assim uma educação medieval..."
p.125
***
"... a casa túmulo da vida, a noite túmulo da casa..."
p. 143
***

FARIA, Almeida. A paixão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Terceira

Amamos.
Somos queridos.
Somos amados.
Somos.

"... não há mais tempo para incertezas, brigas, ciúmes e bobagens. O amor existe e eu o encontrei..."

Paula Cristina

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

É preciso amar

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há...
...

Sou a gota d´água
Sou um grão de areia

Legião Urbana

Segunda

Fogo
Fogo
Explosão
Dinamite
Surpresa
Liberdade
Aventuras
Segredo

..." e assim sei lá. Era uma paixão louca, devoradora, arrebentadora, tempestades e trovões, loucuras mil, segredos secretos. Éramos doidos, éramos livres."

Paula Cristina

Primeira

Escadas e livros
Olhares
Faíscas de fogo
Conversas secretas
Espera
Caminho
Encontro
Beijo
Acontecimento
Fascinação
Sonho

"Quando te vi pela primeira vez, eu te achei feio, um feio sedutor, não sei o porquê. Muito jovem e pouca experiência, apenas as dos livros e as imaginadas e também a da vida, mas ainda não tinha me deperado com alguém do sexo oposto. Os olhares não haviam se cruzado como acontecera...
Acordaria na manhã seguinte com uma nova sensação, uma cor diferente na alma..."

Paula Cristina

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Amor Feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

Adélia Prado

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.


Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Deixe

Deixe que escorra
Deixe que se vá
A vida é assim
mesmo torta
não tem linha
reta
Deixe
Deixe que digam
Deixe falar
Eles dizem o que sabem
Sabem o que não querem
Deixe
A vida é assim
mesmo torta
não tem linha
reta
Deixe
Deixe correr
Deixe vazar
Eles não entendem o que falam
Nem falam o que entendem
Deixe

Paula Cristina

domingo, 18 de outubro de 2009

Antes que a cortina se feche...


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin

sábado, 17 de outubro de 2009

Chacun et Chacune

O problema é de Chacun e de Chacune!
Paula Cristina

O ponto final

acordei sem saber que acordei fingindo ser quem eu nunca fui realmente e sendo o que já tinha sido mas não sendo nada e não sei o que acontece são coisas que não cessam nunca pensamentos floreios imagens dores perturbações alucinações tempestades num mesmo segundo e algo me puxa e me diz de deus e quem é deus se estou assim num mar sem mar num monte de areia ventos de areia cabeça arrebentada de naufrágos deslizes e pensamentos sútis nada sútis mas assim agressivos a agresssidade é algo que anima e repulsa repulsão a vida em sentido contrário palavras ao acaso desabafo mental e nada nada me convence o que teria sido a existência de milhares de pessoas se nada fosse nada nada estranho perguntar mas isso vem na minha cabeça agora justo a hora em que levanto e sei que é preciso trabalhar e trabalhar há tanta coisa por fazer mas e eu e as coisas e o mundo e minhas alucinações meus jogos de teatros meus fracassos minhas tentativas de sentir-me eu no mundo ou o mundo em mim de alguma forma não há nada estou atrasada é preciso levantar levantar para que se acordei fingindo ser quem eu nunca fui realmente e sendo o que já tinha sido mas não sendo nada e não sei o que acontece são coisas que não cessam nunca preciso do ponto final.

Paula Cristina

Desse mundo

Salve-me

Pelas tuas palavras
pelo teu doce canto
Salve-me

Por teu abrigo eterno
ternura esplêndida
Por tua compaixão
Salve-me

Pelo leve toque
livre calmo sereno
Por seu apoio
forte preciso certeiro
Pela sua cândida pureza
Salve-me

Salve-me do mundo que me engole feito um canhão, que me faz fugir das coisas, que me deixa perdida nas coisas, que faz viver em coisas e com coisas.
Salve-me dessa mundo de coisas.

Paula Cristina

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Cheia de Charme

Quando a vi
Logo ali, tão perto
Tão ao meu alcance
Tão distante, tão real
Tão bom perfume
Sei lá!...

Investi!
Tudo naquele olhar
Tantas palavras
Num breve sussurrar
Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar
Oh! Oh! Oh!...

Me perdi
Entre os seus cabelos
Pela sua pele
Nos seus lábios tão macios
Tão bom perfume
Sei lá!...

Investi!
Tudo naquele olhar
Tantas palavras
Num breve sussurrar
Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar...
Oh! Oh! Oh!
Oh! Oh! Oh!...

Paixão assim
Não acontece todo dia...

Huuuum!
Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Cheia de charme
Um desejo enorme
De revolucionar...

Cheia de charme
Um desejo enorme
De se aventurar
Oh!...

Guilherme Arantes

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Poeta Zeca

Coração no Prego

Na tabua do meu peito,
Um prego da escravidão.
Foi pregado de mau jeito,
Com o martelo da decisão.

Quem pregou foi embora,
Deixando o prego cravado,
Jogou o martelo fora,
Meu peito ficou fechado.

E o coração foi pro prego,
Pela confusão que causou.
Porque se fingiu de cego,
Não vendo o que se passou.

Agora ele paga um preço,
Que está fora da tabela.
O que vai além de um terço,
Da dívida que não cancela.

E a razão de tudo isso,
Não é fácil de entender.
É que um coração omisso,

Envolve-se com o perigo,
E como não consegue ver;
Recebe em troca o castigo.

São Bernardo do Campo/ SP junho de 09

José Alfredo – (Zeca)

sábado, 10 de outubro de 2009

Noite Estrelada

*
Estrelas pontas mil
Corações dois
*
*
Paula Cristina

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Procuro despir-me do que aprendi...


"Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu."
Fernando Pessoa

sábado, 3 de outubro de 2009

Letras


Miedo

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor
Lenine

Gota a Gota

Cai gota a gota
A última gota de meu sangue
sangue nobre e escuro
liquido viscoso
profundo
***
Cai gota a gota
A última lágrima de sal
pura, límpida
líquido de cristal
***
***
Paula Cristina

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Boneca de pano é gente...


Bom dia!

Para dizer olá:
Para dizer oi:
Para dizer bom dia:
Para dizer boa segunda-feira:


- Vamos, menina! Há muito o que fazer!
- Tô indo já...
- Você consegue!
- Sim, eu consigo! Diga ao mundo que SIM!

sábado, 26 de setembro de 2009

Haikai V

Mãos unidas, mãos de força
Venha, vamos de mãos dadas
Sereno e sincero
-------------------------------------------------------
Paula Cristina

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara" (José Saramago)
Ensaio sobre a cegueira.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu te amo!

In time, I'll belong to you
That's how it's meant to be
And how it's always been

The next time around (Little Joy)

One too many goals
That measure out your worth
To seek your weight in gold

Sat by the ivory sill
The further out you look
The further out you'll be

It's not enough to set the terms
If nothing ventured, nothing earned
Though odds are set against

In time, I'll belong to you
It's how it's meant to be

Settled on your own
Sweeping dust from stones
With a letter home

Back where the hour's long
The simplest things invite a thrill
If just by noticing at will

It's not enough to set the terms
If nothing ventured, nothing earned
It's how it's always been

E onde a sorte há de te levar
Saiba, o caminho é o fim, mais que chegar
E queira o dia ser gentil
À tua mão aberta pra quem é

In time, I'll belong to you
That's how it's meant to be
And how it's always been

Música: http://letras.terra.com.br/little-joy/1373779/#traducao

L´essentiel est invisible pour les yeux

O que são erros? O que são acertos? Ou o que são experiências na vida de uma pessoa?
Experiência é experiência ou pode vir a ser um erro?
Não sei.

O passado é algo que me perturba: nunca ficamos livres de nós mesmos, dos nosso pensamentos tidos e, por vezes, mantidos.
Isso me inquieta, me assusta: o não olhar para frente, mas sim o olhar para trás.

Resolver as situações, conclui-las é temeroso... é preciso guardá-las realmente numa gaveta oculta no armário do passado longíquo e distante.

Mas o que é uma pessoa sem passado?

- Nada. Não é nada.

Mas o que é uma pessoa sem presente?

- Nada. Não é nada.

Mas o que é uma pessoa sem fututo?

- Nada. Não é nada.

Afinal, o que é viver? Viver de quê maneira? Quais pensamentos devem ser mantidos?

Minha mente é incontrolável, absoluta luta contra mim mesma. Não quero pensar! Não quero me preocupar! Eis que surge aquela gota de sangue que envenena minha alma e mortifica o meu ser.

Não saber ser, não saber controlar os passos, desatar os nós e os laços.Não saber...

O que somente aceito (talvez, é possível que eu esteja me enganando) é que l´essentiel est invisible pour les yeux, e aprendi a sim mesmo em outra língua, não na minha.

A ferro, fogo e feridas, lágrimas, devaneios e ilusões.

Iludi-me com o mundo, com as pessoas. Eu quis! Na tentativa patética de mudança, de apagar-me a mim mesma. Sofri.
Percebi, então, o que era essencial para mim, que fazia parte da minha vida...
Era algo que eu estava abandonando, ferindo, maculando.
E por quê?
Não sei. Sofro com a falta de discernimento que tive... quero limitar-me a não pensar sobre esses erros. Mas são experiências ou erros?

No meu ponto de vista filosófico, experiência.
No meu ponto de vista, erro.

Erro.

O que é a vã filosofia?
Pessoas cheias de palavras e postulações, títulos e méritos, pensamentos contra o senso comum e palavras palavras palavras alavras vras as.

Palavras!
Meu Deus! O que são palavras?

O certo é que l´essentiel est invisible pour les yeux, portanto essas palavras são inúteis para você que as lê, e inúteis para eu que escrevo, olhando-do as, mas úteis ao que é sensível, ao que me constitui, apenas se fechar os olhos... é preciso ver avec le coeur... avec le couer...

E percebi o quanto eu estava perdida e confusa ou confusa e perdida, enfim!

Hoje, não quero que o passado me assombre, destrua minha morada, mas ele ronda, ronda, com um inimigo prestes a matar-te.
Ele corta o meu ar, meu deixa neurótica, triste, rouba meus sentidos e já... já quase não vejo. Ele me guia com seus passos almadiçoados, levando me ao passado.

Não quero!

A minha vida limpa, simples, amável.

Não quero o passado!

Não quero que ele me persiga, não quero lembrar de meus erros, não quero ver as lágrimas, não quero ver os meus... os meus... os meus passos. Por que andei ali?

Fuja! Fuja pensamento. Vá embora, não me inquiete!

Como faço para resolver esta questão? Não quero que lembre, não quero lembrar, não quero, não quero.
Foi um erro, um doce amargo erro.
Doce pela aventura.
Amargo pelo sofrimento.

Sofrimento...

Não me perturbe! Não me faça lembrar... não toque no assunto. Esqueça! Imploro que esqueça... a vida está tão suave, tão leve leve, não me faça voltar, uma faca corta o meu peito: o sofrimento alheio corta-me ao meio, sinto-me não sei, sinto-me morta.

Olhe para o presente.
Olhe para o fututo.

Não me leves àquele cemitério das cinzas
mais cinzas do que qualquer outra cor.
Não me leve ao fundo do poço.
Não me faça ser o que fui e mais um pouco.
Torne-me uma pessoa e não um monstro.

Seja gentil, seja leve, tenha encanto.
Não chore
Não me faça chorar
A nuvem de ressentimentos é tanto?

Só posso dizer para que ouça na sua alma. Feche os olhos e escute como o canto mais belo que possa ousar imaginar:
L´essentiel est invisible pour les yeux.

Não veja, não retorne ao passado, não me leves consigo.
A dor já é tamanha que quase não posso dizer.
Não escute os seus maus pensamentos...
Não veja com os olhos.


Avec le coeur, car l´essentiel est invisible pour les yeux.


Paula Cristina

Não te aflijas...

Quarto Motivo da Rosa

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sombras do passado

Ele tem uma incógnita na vida dele e ela percorre todo o seu caminho. Eu tenho uma incógnita na minha vida e ela me angustia, me inquieta.
Sombras de passado oriundas do inferno circulante da vida perpendicular de cada um.

Cuidar de resolver, ninguém resolve não. Algo agarratado feito botão em camisa. Feito prego no coração. E não estamos livres. Não estamos livres. Limitar-se a enganar a si próprio não é a solução: há uma incógnita na vida dele, há uma incógnita na minha vida.
Sombras de passado oriundas do inferno circulante da vida perpendicular de cada um.

Esquecer o presente, viver o passado: é o lema do dia. Incógnitas frias. Incógnitas malditas.

Sombras podres de um quase fruto mal acabado, de um quase nada ou um quase tudo - depende do que se imagina ou se tem por incógnita, mas sempre sombras, rastros de um vento agourento, destruidor de moradas e pensamentos.

Ações são pensamentos. Pensamentos são palavras. Palavras são ações. Se tudo for do passado, não existe nada, nada é concreto, nada é real, é tudo esboço, estrago, um quase arrumado torto.

Sombras de passado oriundas do inferno circulante da vida perpendicular de cada um:
Ele tem uma incógnita.


Paula Cristina

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pois é!

ORAÇÃO DA SERENIDADE


Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos modificar,
coragem para modificar aquelas que podemos e
sabedoria para distinguir umas das outras.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

!!!

adoro te dorotéia
te adoro teodora

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O que é a loucura?

Enquanto todos não se importam, eu me importo.
A loucura é a sanidade de poucos...
Paula Cristina

Queijo e Goiabada



Feito assim
Queijo
Goiabada
Ou
Goiabada
Queijo

Um salgado, outro doce.
Par feito
Por uns instantes

O sal não faz parte da goiabada
O açúcar não faz parte do queijo

E aí?

Paula Cristina

domingo, 13 de setembro de 2009

Presente de aniversário:

Busque sempre a Luz!

Eu e mim, ou mim e eu.

Eu estou em mim?
Mim mora em eu?
Eu mim mora aqui?
Aqui mim mora com eu?
Eu e mim
Mim e eu

Não sei.
Não sei se sou mais eu.
Não sei se sou mais mim.
Sei que fico
mim
eu
eu
mim

Mim não sabe nada de eu
Eu não sei nada de mim

Dupla perdida
Margens da vida.

Não sei.
Não sei se penso como eu.
Não sei se penso como mim.

Mim e eu são revoltosos.
Eu e mim são diabólicos.

Pacto compactante
de loucura e sanidade.
Deus o rio?
O Diabo a canoa?

Entre eu e mim há uma vastidão de mundos
obscuros secretos inquietos intolerantes
Entre mim e eu há uma vastidão de mundos
intolerantes inquietos secretos obscuros

Espelho maldito
Desgraça da duplicidade
Quero ser eu!
ou
Quero ser mim!

Mim está aqui fora ou dentro
Eu estou dentro ou aqui fora

Dor
Dor de cabeça insensata
Dor de estômago apodrecido
Cáucaso da alma
Abutre do infinito

- Acorrentem! Acorrentem!

Eu? Mim? Mim? Eu?
Ambos anjos caiados e caídos
Mornos de sangue adormecido

Paula Cristina

Meu Deus, o que é o homem?

O homem
O que é o homem
um monte de lixo
um monte de coisas
tralhas e trapos
fiapos quaisquer

soberba arruinada
futuro sem fim
causa errada
desespero ruim

lamentações enganosas
vaidade e loucura

O homem
O que é o homem
um monte de lixo
um monte de coisas

gente isolada
abismo de mim
egoísmo de outrora
riquezas enfim

vaidade e loucura
lamentações enganosas

O homem
o que é o homem

dor sem dizer
digo que sim
beleza inválida
cálido jasmin

lamentações e loucuras
enganosas vaidades

O homem

Meu Deus, o que é o homem?


Paula Cristina

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Cão sem Plumas

Na paisagem do rio
difícil é saber
onde começa o rio;
onde a lama
começa do rio;
onde a terra
começa da lama;
onde o homem,
onde a pele
começa da lama;
onde começa o homem
naquele homem.

João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Haikai IV




A generosidade dos pobres comove, emociona.
Simples atitude
Demonstração da Vida.
Paula Cristina

sábado, 5 de setembro de 2009

L´Amant (Marguerite Duras)


"... dit que c´etait comme avant,

qu´il aimait encore,

qu´il ne pourrait jamais cesser de l´aimer,

qu´il aimerait jusqu´a sa mort."


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Dor de cabeça

Dor de cabeça

Centenas de pernas bambas,
e desesperadas,
sem muita esperança;
misturam-se nos quarteirões
em busca do que vai pro ralo.
Quanto tempo nos resta,
para vermos a maravilha
dessa cidade maravilhosa?
Dar-me alguma coisa para
dor de cabeça!
Meçam a minha pressão!
Tragam-me um antídoto,
Contra mordida de fila!
Quanto tempo eu tenho?
Ah o tempo!
E essa febre me levando
ao estacionamento do resgate?

Setembro de 2009
José Alfredo (Zeca)

Lâmpadas e inteligências


As lâmpadas servem para iluminar. Para isso, são dotadas de potências de iluminação diferentes.
Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts... Esse número em watts diz o poder de iluminação da lâmpada.
Também as inteligências servem para iluminar.
Nos gibis, o desenhista, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça.
As inteligências, à semelhança das lâmpadas, também têm potências de iluminação diferentes.
Os homens inventaram testes para medir a “wattagem” das inteligências.
Ao poder de iluminação das inteligências deram o nome de “QI”, coeficiente de inteligência.
As inteligências não são iguais. Pessoas a quem os testes inventados pelos homens atribuíram um QI 200, têm um poder muito grande para iluminar.
Alguns, para se gabar, chegam a mostrar sua carteirinha, dizendo que sua inteligência tem uma “wattagem” alta.
Mas, nós não olhamos para as lâmpadas. As lâmpadas não são para serem vistas. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam e não pelo brilho.
Olhar diretamente para a lâmpada ofusca a visão.
Há inteligências de “wattagem” 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. E há inteligências modestas, como se fossem nada mais do que a chama de uma vela, que iluminam sorrisos.
Uma lâmpada não tem vontade própria. Ela ilumina o objeto que o seu dono escolhe para ser iluminado.
A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.
A inteligência de quem ama dinheiro ilumina dinheiro, a inteligência dos criminosos ilumina o crime, a inteligência dos artistas ilumina a beleza.
A inteligência é mandada. Só lhe compete obedecer.


Rubem Alves

terça-feira, 1 de setembro de 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

O Amor e o Poder (The Power of Love)


A música na sombra,
o ritmo no ar
Um animal que ronda
no véu do luar
Eu saio dos seus olhos
eu rolo pelo chão
Feito um amor que queima
magia negra
Sedução

Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além

Aqui nesse lugar
Não há rainha ou rei
Há uma mulher e um homem
Trocando sonhos fora da lei

Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além
Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder

A música na sombra
o ritmo no ar
um animal que ronda
no véu do luar

Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder

Como uma deusa
(me leva amor)
você me mantém
(longe do fim)
E as coisas que você me diz
Me levam além
Tão perto das lendas,
(me leva amor)
tão longe do fim
(longe do fim)
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder




Interpretado por Rosana Fiengo

Xote Swingado (Rastapé)

vou viajando nos teus sonhos
vou me ajeitando no teu coração
vou chamegando no balanço do teu corpo
e a pouco a pouco me derreto de suor
pois no forró não se dança lado a lado
tem que ter corpo colado
tem que ter uma pequena
para passar a noite toda coladinho
no suor do teu corpinho
muita coisa a gente inventa
vem, pequena, dançar de rosto colado
põe remelexo nesse xote swingado
vem, querida, pode balançar com jeito
que seu lugar é aqui junto do meu peito

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pergunte!

Pergunte ao catador
quando choveu

Pergunte ao garimpeiro
o valor do ouro

Pergunte à mulher
o sabor da guerra

Pergunte!

Paula Cristina

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amor

CONSTÂNCIA PACIÊNCIA TOLERÂNCIA
Paula Cristina

África

Não há muros
Não há o quê se lamentar
Paredes de corpos caídos
África

Não há nada
Não há o quê questionar
Miséria seca
África

Não há céus
Não há o quê vislumbrar
Ignóbil diferença
África

Paula Cristina

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

III Haikai


O inverno chegou
A primavera virá
Vida



Paula Cristina

No brejo das almas

"No brejo das almas"

Escrevi seu nome
no brejo
no brejo das almas

entre palavras-poemas
entre poemas-palavras

Escrevi seu nome
no brejo
no brejo das almas

Paula Cristina

Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Revoadas

Revoadas
João Alfredo (Zeca)

Mil saudades
Tortura brava alma
Que tenta
Proteger um corpo
Solitário que ama

Ama virtualmente
Qual uma imagem
Transportada
Pelo desassossego
Que lhe rouba o sono

Tenta abriga-se
Em revoadas fantasias
Entre paredes
De um quarto incolor

Isso foi apenas
Uma nuvem de amor
Que se escondeu no silêncio.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Um desabafo...

Um desabafo...


estou altamente desmotivado
hoje,
não estou conseguindo
me concentrar
Tenho tantas coisas na cabeça
e nenhuma tem sentido
ou estão incompletas
ou são impossíveis.
Queria fazer coisas
que não posso
aqui
ou
em lugar nenhum.
Sinto como se algo me faltasse.

Que inferno é esse?

Fabio Bernardinelli

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O ciclo da vida é um rio



Ontem eu li num belo blog o texto do rio (esse que postei antes desse). Esse pequenino texto me fez pensar muita coisa: o tempo foge das nossas mãos. E o que fazemos? Nós machucamos os nossos amigos com as espinhosas e árduas palavras que não deveriam ser pronunciadas, mas... é o que fazemos. Nós, nós também brigamos á toa, ficamos com raiva e o tempo contando 10 9 8 7 6 5 4 3 2 e morte. A morte não é o zero, acho que ela é o número 1: é o recomeço de algo que não entendo ou não queira entender...

É por isso que a vida é um rio: não pára (com acento, porque essa nova regra ortográfica é ridícula!). Um rio vai ao encontro de outras águas, que evaporam, que tornam a ser águas. É um ciclo infinito: o ciclo da vida.

Paula Cristina

viver é um rio

viver é um rio...

não, eu não estou refeita. seguimos respirando vivo, mesmo sem condição. é que esta jornada me toma sempre de uma obrigação: quero entender.
mas eu não entendo nada! as coisas, antes que eu possa alcançá-las, mudam de cor, mudam a textura, mudam de lugar, de nome.
vagueio meu próprio coração (acho que é a primeira vez que uso esta palavra em meus escritos, veja só! que curioso...), e escrevo para me salvar do escuro, é o que faço com as palavras: me salvo.
então decido contar porque necessito encontrar uma paz, porque necessito aliviar-me das imagens que tomaram meus dias e para talvez significar, mesmo sem entender, pois afinal eu sei: não se pode entender, não tudo. e mesmo não importa, nada é definitivo neste nosso entendimento das coisas.
me recolho porque do lado de fora de mim não há.
converso com as palavras, sentada do lado de fora, onde há um silêncio dentro, um que me invade e me serena.
há a chuva que me desconsola. serão longos os dias. espero que a primavera venha antes mesmo que o inverno acabe.
...
viver é rio, a gente escoa, sem condição.

já é agosto!

Visitem: ocadernodeescrita.blogspot.com

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bandolins

Bandolins
Oswaldo Montenegro

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...

E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...

Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...

Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos Bandolins...

Quando a gente ama

Quando a gente ama
Oswaldo Montenegro

Quem vai dizer ao coração,
Que a paixão não é loucura
Mesmo que pareça
Insano acreditar

Me apaixonei por um olhar
Por um gesto de ternura
Mesmo sem palavra
Alguma pra falar

Meu amor,a vida passa num instante
E um instante é muito pouco pra sonhar

Quando a gente ama,
Simplesmente ama
É impossível explicar
Quando a gente ama
Simplesmente ama!

A um amigo

“A um amigo”


.Há um mistério oculto.

Eis que escrevo teu nome
E não tuas letras
Tuas sonóricas letras
Com notas caídas de piano

O compasso me diz que horas são
Mas não há relógios por aqui
Há um clic que marca os segundos
Segundos dos livros e das letras amadas

Há uma música no fundo desta sala
E cores em volta de tudo
Há um mistério oculto

Tua letra me diz quem é
Não. Escrevo teu nome.

.Há um mistério oculto.


Paula Cristina

The Seed

The Seed


A successful business man was growing old and knew it was time to choose a successor to take over the business.

Instead of choosing one of his Directors or his children, he decided to do something different. He called all the young executives in his company together.

He said, "It is time for me to step down and choose the next CEO. I have decided to choose one of you. "The young executives were shocked, but the boss continued. "I am going to give each one of you a SEED today - one very special SEED. I want you to plant the seed, water it, and come back here one year from today with what you have grown from the seed I have given you. I will then judge the plants that you bring, and the one I choose will be the next CEO."

One man, named Jim, was there that day and he, like the others, received a seed. He went home and excitedly, told his wife the story. She helped him get a pot, soil and compost and he planted the seed. Everyday, he would water it and watch to see if it had grown. After about three weeks, some of the other executives began to talk about their seeds and the plants that were beginning to grow.

Jim kept checking his seed, but nothing ever grew.

Three weeks, four weeks, five weeks went by, still nothing.

By now, others were talking about their plants, but Jim didn't have a plant and he felt like a failure.

Six months went by -- still nothing in Jim's pot. He just knew he had killed his seed. Everyone else had trees and tall plants, but he had nothing. Jim didn't say anything to his colleagues, however. He just kept watering and fertilizing the soil - He so wanted the seed to grow.

A year finally went by and all the young executives of the company brought their plants to the CEO for inspection.

Jim told his wife that he wasn't going to take an empty pot. But she asked him to be honest about what happened. Jim felt sick to his stomach, it was going to be the most embarrassing moment of his life, but he knew his wife was right. He took his empty pot to the board room. When Jim arrived, he was amazed at the variety of plants grown by the other executives. They were beautiful -- in all shapes and sizes. Jim put his empty pot on the floor and many of his colleagues laughed, a few felt sorry for him!

When the CEO arrived, he surveyed the room and greeted his young executives.

Jim just tried to hide in the back. "My, what great plants, trees, and flowers you have grown," said the CEO. "Today one of you will be appointed the next CEO!"

All of a sudden, the CEO spotted Jim at the back of the room with his empty pot. He ordered the Financial Director to bring him to the front. Jim was terrified. He thought, "The CEO knows I'm a failure! Maybe he will have me fired!"

When Jim got to the front, the CEO asked him what had happened to his seed - Jim told him the story.

The CEO asked everyone to sit down except Jim. He looked at Jim, and then announced to the young executives, "Behold your next Chief Executive Officer!

His name is Jim!" Jim couldn't believe it. Jim couldn't even grow his seed.

"How could he be the new CEO?" the others said.

Then the CEO said, "One year ago today, I gave everyone in this room a seed. I told you to take the seed, plant it, water it, and bring it back to me today. But I gave you all boiled seeds; they were dead - it was not possible for them to grow.

All of you, except Jim, have brought me trees and plants and flowers. When you found that the seed would not grow, you substituted another seed for the one I gave you. Jim was the only one with the courage and honesty to bring me a pot with my seed in it. Therefore, he is the one who will be the new Chief Executive Officer!"


If you plant honesty, you will reap trust
If you plant goodness, you will reap friends
If you plant humility, you will reap greatness
If you plant perseverance, you will reap contentment
If you plant consideration, you will reap perspective
If you plant hard work, you will reap success, be careful what you plant now;
it will determine what you will reap later.
If you plant forgiveness, you will reap reconciliation
If you plant faith in god , you will reap a harvest


So
"Whatever You Give To Life, Life Gives You Back"


Diego Willer

domingo, 9 de agosto de 2009

Sutilmente

Foto: Pôr-do-sol no Pólo Norte


"Sutilmente" (Skank)

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti

Viver a Vida

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Para pensar...


"É preferível o silêncio das dores guardadas

e a solidão das saudades envelhecidas,

ao rastro indolor do nada!"

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

DIálOGo SEgUndO

E então o que você anda pensando?
Pensar? Acho que não penso. Ou penso?
Que tipo de pessoa é você?
Não sei. Algo muito profundo. Sou capaz de tudo, penso eu. Eu penso?
Mas que confusão é essa, meu amigo?Não importe-se com essas indagações... Que tal tomarmos um chopp?
Não obrigado. Não me sinto satisfeito a ponto de esquecer de minhas indagações.
Satisfeito? Quem disse a você que o ser humano tem de ser satisfeito? Satisfeito nada!
Será mesmo? Será o inferno, então?
Não sei, mas se for, tem chopp! E aí?
Não obrigado. Vou para casa quero ler um pouco...
Ler? De que planeta você é? Parece até meio bobo... Não se diverte nunca?
Divertir? O que é diversão? De que tipo de diversão?
Aff! De novo o assunto do "sou satisfeito" "não sou satisfeito". Cara, vai descansar um pouco. Você não é o Atlas para carregar o mundo!
Você sempre tem uma "resposta rápida" para todas as minhas perguntas, não?
Não. Eu só vivo.
Vive só?
Não. Eu só vivo!
Vive? Se acha que vive, então viva e vá tomar o seu chopp.
Estressadinho, hein... Depois vem falar em blá blá blá. É isso que dá não se divertir...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

terça-feira, 28 de julho de 2009

Víboras

Víboras
Aos meus "amigos"

Víboras
Víboras
Peçonhentas
Hípócritas
Indecentes

tipo de gente
que quero bem longe de mim

- SAIAM TODOS DAQUI ! VOLTEM PARA SUAS TOCAS

animalescos
homens sem alma
sem honra
sem palavra

Víboras hipócritas
Víboras peconhentas
Víboras indecentes
tipinho de gente que não é gente
palavras sujas
imundas palavras
atos sem bravura
falsa honra e tudo mais

APLAUSOS
- Aplaudam esses senhores! Aplaudam! Eles querem aplausos!

homens vividos de palmas
e um tonzinho arrogante
arrogantes
impenetrantes
desconfiáveis

gente suja de lama
não é tão suja
como a mente porca de vocês

unam-se, deem as mãos
cantem uma canção bonita falando da vida
e emporcalhem toda a filosofia

Víboras

- SAIAM TODOS DAQUI!


Paula Cristina

domingo, 26 de julho de 2009

quero voltar

"quero voltar"

calçadas frias
dissidentes frios
vasos vazios

é só ilusão
essa vida
eu sei

fugas malditas
palavras não-ditas

quero voltar

é só ilusão
essa vida
eu sei

atos insconstantes
noites berrantes

calçadas frias
dissidentes frios
vasos vazios


Paula Cristina

Uma resposta


Fez uma pergunta.
Uma pergunta secreta.
Como atingir as nuvens e descrever os céus?
Não há céus.
Só nuvens.
Eu vejo nuvens.

Ornar com flores
Todas as palavras proferidas
e queridas
de mil cores

Tem uma coisa em mim
e eu não vejo o ceú
apenas as nuvens
e vem uma luz
e não sei agora
de onde vem
e eu não vejo o céu
vejo nuvens
só sei que você é o meu bem

Cores? Não sei
Perfumes? Não sei
Eu não sei
Eu vejo nuvens de formatos mil
E eu não vejo o céu: eu vejo nuvens
Belas puras doces carinhosas nuvens

Levou-me não aos céus
Levou-me às nuvens!
______________________
Paula Cristina

Câmera Indiscreta

CÂMERA INDISCRETA
(Ademir Assunção)

olho o olho que me olha
olho o olho
olho a lua
o olho que me olha olha mas não vê

olho o olho que me olha
olho a rua a lua a rua a rua a rua
eu atravesso a rua
o olho que me olha olha mas não sabe o quê

olho o olho no espelho
olho de loba
o olho que me olha olha mas não lê

vou olhando olho a olho corpo a corpo
olho ilhas
olho dentro de você


Ademir Assunção

"Escrito a Sangue"
Ademir Assunção

ruas escuras
atravessado
eu atravesso
reviro o avesso
nele me meço
olho de lince
encaro a face da fera
espelhos se estilhaçam
rasgam minha cara
cai a neblina do vazio
frio na barriga
pago o preço
erva bola cogumelo
volto ao começo
escapo com vida
desconverso
verso escrito a sangue
desapareço
quanto mais
menos
me pareço
eco de bicho homem
ego sem endereço


Contato: Ademir Assunção
zonabranca@uol.com.br
http://zonabranca.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Juó Bananère

Paródia de Juó Bananère ao poema “Canção do exílio” de Gonçalves Dias



Migna terra tê parmeras,

Che ganta inzima o sabiá.

As aves che stó aqui,

Tambê tuttos sabi gorgeá.

A abobora celestia tambê,

Che tê lá na mia terra,

Tê moltos millió di strella

Che non tê na Ingraterra.

Os rios lá sô maise grandi

Dus rios di tuttas naçó;

I os matto si perde di vista,

Nu meio da imensidó.

Na migna terra tê parmeras

Dove ganta a galigna dangola;

Na migna terra tê o Vap’relli,

Chi só anda di gartolla.

Juó Bananère


Conhecido por Juó Bananère, o paulista Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, nascido em 11/04//1882, nos deixou apenas uma única obra La divina Increnca, 1915 (atualmente, uma raridade bibliográfica). Parodiou escritores consagrados como Camões, Olavo Bilac, Casimiro de Abreu, Guerra Junqueira, La Fontaine, Machado de Assis, entre outros e alguns figurões da velha República, como o marechal Hermes da Fonseca.

Juó Bananère intitulava-se Gandidato á Gademia Baolista di Letteras (Candidato à Academia Paulista de Letras).

Otto Maria Carpeaux, em interessante estudo, considerou Juó Bananere um pré-modernista, principalmente pelo fato de ter começado a tratar de forma irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo, até então levadas muito a sério.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Problemas???


" A existência dos problemas é uma benção porque nos obriga a ser melhores."

Gabriel Perissé

O Leitor Criativo

terça-feira, 14 de julho de 2009

Arquivo

Poemas antigos e inacabados:


Se desejo algo é porque não estou completo.
Falta em mim o que procuro.
E o que procuro só posso encontrar em mim.
A completude se fará perfeita
Quando eu não desejar.
Se desejo algo é porque não estou completo.

Paula Cristina

És tempo de ter tempo
para olhar para si
mesmo e admitir
quem realmente és...

Paula Cristina


Frase


"O mundo é belo antes de ser verdadeiro"

Gaston Bachelard

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"To be free"


Ditador

"Ditador", por David Hopffer C. Almada (Cabo Verde)

Sobre a tua cabeça
Disparo
A lei desfeita
Em pedaços
E dos pedaços
Desses pedaços
Sai a sorte
Que te destino

VII (Valdemar Velhinho)

VII
Adormecem as aves da tarde
e as acácias, como eu,
aguardam o instante das coisas
______________________________
Valdemar Valentino Velhinho Rodrigues, poeta cabo verdiano

Acerca do Amor

"Acerca do amor", por Filinto Elisio*

Do amor só digo isto:

o sol adormece ao crepúsculo
no oferecido colo do poente
e nada é tão belo e íntimo

O resto é business dos amantes
Dizê-lo seria fragmentar a lua inteira

_________________________
* poeta de Cabo Verde. Poesia publicada em Poesia africana de língua portuguesa (antologia). Lacerda Editores. 2003

Sem Imprevisto (Bia Lopes)

Dias em que acordo enganada e não compreendo quando herberto diz "amo". Acreditar palavras quando preciso vestir gestos? Subo e desço espirais vertida nos braços de minha mãe. Respiro labirintos resumo vidros e vistas de uma janela. Dizem "não é nada", fantasmas carregam-me por avenidas e entre tantos líquidos incompreensíveis um branco soro percorre-me. Almoço telefonemas que desaparecem por veias de mesa. Sorvo mentiras que não consigo desmentir. Sem becos para meus desenganos, sem sangue para minhas quedas, durmo para o impossível.
Bia Lopes.
Tantas Letras!
São Bernardo do Campo

Pesadelo

O porquê daqueles gritos?
Aquela dor ruidosa e rasteira...
Crianças do lado de fora do mundo
Incrível perturbação indizível:
Era um pesadelo.
Paula Cristina

II (Hai Kai)

II

Lendo li o que nunca fora lido.
A vida é assim mesmo:
Um mistério

Paula Cristina

Nós

Nós

Não sei se foi a primeira vez.
Eu ouvi você falar em "nós".
Melhor amor não há.
União de letras
União de corpos

de almas

Paula Cristina

sábado, 11 de julho de 2009

11/07


o interminável dia de chuva

chuva é assim não pàra cai gota a gota e não pára e você torcendo para que passe logo todo esse aguaceiro para que possa finalmente passear ou ir ao mercado se entupir de besteiras tipo doces danones sucrilhos e pastéis e nada pois a chuva não passa.
chove chuva chove sem parar lá na esquina porque eu quero andar e nada nada nada a bendita malvada da chuva não passa tudo bem eu irei até a locadora me molharei toda e devolverei aquele filme e hoje está quase predestinado a ser mais um dia de filmes minha cabeça dói essa dor é da tv culpa da mídia e da classe dominante com esses programa babacas de final de semana e mais babaca sou eu que sem fazer nada ou sem coragem para fazer acabo nesse lenga lenga da chuva e o tempo não passa chove chove chove e cada vez mais chove chove.
parece que a garoa vem diminuindo arrisco ou não estou com preguiça hoje o tempo não está a meu favor.
é acho que agora parou.
que nada começou tudo outra vez chuva é assim não pàra cai gota a gota e não pàra e você torcendo para que passe logo todo esse aguaceiro para que possa finalmente passear ou ir ao mercado se entupir de besteiras tipo doces danones sucrilhos e pastéis e nada pois a chuva não passa.
Paula Cristina
11/07 - "o interminável dia de chuva"

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu sei que vou te amar (parte II)

Eu sei que vou te amar - Arnaldo Jabor
"(...) A minha querida santinha em casa... e a guerreira loura na noite... esta é uma verdade! (...)" p. 69
" Vai!!! Vai, sua filha de uma grandíssima vaca!!! Imagina se eu ligo que você vai embora!!! Pode ir, minha filhinha, pros braços de outro homem!!! (...)" p. 73
"(...) As mulheres... as mulheres são umas putas escrotas mais malvadas que os homens porque elas param de amar e o homem não pàra nunca de amar! O homem não pàra de amar! a mulher pàra! ... A mulher pàra... o homem não!"
"A que horas , minha senhora, a senhora parou de me amar e começou a amar fulano de tal?" p. 77
" No mundo cor-de-rosa em que vivíamos havia uma crueldade implícita e uma brutalidade que me fazem medo quando eu penso..." p. 83
" Sim...sim... sim... sim... sim, mamãe... sim querido... sim , sim, todo mundo... sim... eu abro as pernas... sim, eu vou sorrir... sim, meu amor... você sorrindo com superioridade sobre minha inocência... obrigada... coitadinha... tão bobinha... tão fraquinha... eu gosto tanto desta bobinha... não é, minha bobinha? (...)" p. 83/84
"Ouve!!! Eu me apaixonei por outro homem porque você não me emocionava mais. Eu vi nos olhos dele uma beleza que era eu e que teus olhos não refletiam mais... Ele me ouvia... esquecia de si mesmo e me ouvia... ele se encantava comigo, com meu ar em volta...(...)" p. 95
" (...) nunca você me amou tanto... homem só ama quando perde a mulher... (...)" p. 95/96
" Claro!!! Sabe por que você está alegre? Porque está livre do amor! Amor é a coisa mais infernal que existe! Amor é uma bosta!!! Uma bosta!" p. 105
"O corpo dela está parado... vou me aproximando devagar(...)" p. 118
" Por favor, não se aproxime!..." p. 119
" Eu queria dizer...
Um beijo fecha minha boca, um beijo fecha minha boca!" p. 131
Eu sei que vou te amar - Arnaldo Jabor
Um casal se reencontra depois da separação. O que dizer e, principalmente, sobre o que calar?
Tensa, cruel, apaixonada - a discussão da relação flutua entre mentiras gentis e verdades duras de ouvir, confissões e delírios. O abismo entre o que se diz e o que se sente pode ser superado?

Eu sei que vou te amar

Eu sei que vou te amar Arnaldo Jabor
"Você me chamou por telefone. Não te vejo há três meses... seis anos juntos e agora sem te ver... pela tua voz no telefone sei que você está controlando uma emoção, querendo bancar o homem seguro de si... e fico desesperada porque mesmo assim você consegue fingir solidez e eu... e eu... ao ouvir tua voz, o mundo se acalma (...)" p. 14
" É... esse negócio de casamento não dá mais pé: instituição pesada... antigamente ainda tinha a família patriarcal... os pais na mesa... a amante no bordel... hoje em dia a única finalidade do casamento é a repressão sexual do parceiro... só isso..." p. 19
"Ah... minha querida, eu tenho é medo dessa simbiose da gente... com você eu quis mais que um casamento... eu quis tocar uma verdade, eu quis dar um beijo que ficasse, um gozo que não passasse mais, uma marca de amor que não saisse da tua pele, te marcar, te suar... virar você..." p. 32
" - Não vou atender!
- Atende, deve ser alguma amiguinha...
- Não vou atender! Não é mulher nenhuma... é que eu não quero me incomodar... não atendo..." p. 35
" Eu vou matar esse cara" p. 37
" Santa mãe! Como eu estou babaca, passando imagem de verdadeiro...
- Sei que é babaquice, querer ser o verdadeiro... espera... vou ser mais simples... será que a gente não podia ser mais puro, e falar tudo que sente pelo outro... ninguém tem essa coragem... será que a gente ... não podia correr este perigo?..." p. 39/40
" - Quer dizer, eu percebia... mas sempre dois segundos depois... sempre que eu fazia uma besteira, eu percebia dois segundos depois..." p. 46
" O que me faz sofrer é sentir que o que encheria qualquer mulher de felicidade, ou seja, ter o teu maravilhoso amor de homem e as coisas lindas que você me diz, tudo isto me causa ansiedade e me leva ao desespero.(...)" p. 50
" Ai!... Meu Deus do céu... como a verdade de um homem é diferente ds verdade de uma mulher... eu... eu... fiz tudo pra essa mulher... mas ela só lembra dos erros... mulher só contabiliza coisas negativas... só... 'estraguei a vida dela'... tá legal... e as milhares de vezes que eu a protegi sem ela saber, hein? E a mão protegendo dos golpes do mundo, hien? E a contemplação muda da ingenuidade, e os ensinamentos discretos? E a carícia desinteressada? E a ejaculação contida pelo bem dela? E a muda concordância e a bobagem consentida para evitar o triunfo sobre a juvenil ignorância ? Nada conta? Nada... nada... (...)" p. 51
" (...) Às vezes eu acordava de madrugada e ia olhar pela janela... tinha uma janela baixa que dava pra um jardim... rosas... rosas... (...)
- Rosas... eu olhava minha mulher dormindo... e pensava: 'A vida é perfeita'. " p. 52/ 53
"(...) Eu também contemplei o doutor dormindo enquanto eu trocava fraldas! (...) " p. 55
" - Pois saiba que a família é insuportável!!! Todos os homens e mulheres ficam loucos dentro de casa !!! A casa é pequena demais pro desejo humano... eu não sei o que é amor!!! Quando eu estava casado vivia indo aos puteiros da cidade, mergulhando na mais doida sordidez, e de noite eu ia para casa purificado, de banho tomado!!! Só assim pode haver o pai de família exemplar... eu era um marido exemplar que mergulhava com as putas em piscinas sujas!" p. 67