AS ÁRVORES BOTTICELLIANAS
William Carlos Williams
O alfabeto das
árvores
vai desmaiando na
canção das folhas
as hastes cortadas
das finas
letras que escreviam
inverno
e frio
foram iluminadas
com
pontas de verde
pela chuva e o sol -
As regras simples
e estritas dos ramos
retos
vão sendo alteradas
por ses de cor
pinçados, por cláusulas
devotas
os sorrisos de amor -
. . . . . . .
até as frases
desnudas
se moverem como braços
e pernas de mulher sob o tecido
e em sigilo o louvor
entoarem do desejo
e do império do amor
no estio -
No estio a canção
canta-se por si
acima das palavras surdas -
(tradução: José Paulo Paes)
Poeta fundamental numa tradição de gigantes, a poesia norte-americana, em que cada autor parece estar observando o mundo pela primeira vez e inventando a linguagem poética (...). Dentro desta tradição, William Carlos Williams se destaca por sua capacidade de transformar todo assunto ou objeto em matéria poética. Daí sua atenção toda peculiar ao fugaz e ao diminuto, ao aparentemente desimportante, enfim.
A poesia surge do mais inesperado solo... "Ele continua a arrebentar rochas e rachar poemas". (T.S. Eliot numa carta de fevereiro de 1959, aludindo a um de seu poemas mais conhecidos, "Uma espécie de canção".
http://www.culturapara.art.br/opoema/williamcarloswilliams/williamcarloswilliams.htm
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