quarta-feira, 6 de maio de 2009

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AS ÁRVORES BOTTICELLIANAS
William Carlos Williams

O alfabeto das
árvores

vai desmaiando na
canção das folhas

as hastes cortadas
das finas

letras que escreviam
inverno

e frio
foram iluminadas

com
pontas de verde

pela chuva e o sol -
As regras simples

e estritas dos ramos
retos

vão sendo alteradas
por ses de cor

pinçados, por cláusulas
devotas

os sorrisos de amor -
. . . . . . .

até as frases
desnudas

se moverem como braços
e pernas de mulher sob o tecido

e em sigilo o louvor
entoarem do desejo

e do império do amor
no estio -

No estio a canção
canta-se por si

acima das palavras surdas -

(tradução: José Paulo Paes)

Poeta fundamental numa tradição de gigantes, a poesia norte-americana, em que cada autor parece estar observando o mundo pela primeira vez e inventando a linguagem poética (...). Dentro desta tradição, William Carlos Williams se destaca por sua capacidade de transformar todo assunto ou objeto em matéria poética. Daí sua atenção toda peculiar ao fugaz e ao diminuto, ao aparentemente desimportante, enfim.

A poesia surge do mais inesperado solo... "Ele continua a arrebentar rochas e rachar poemas". (T.S. Eliot numa carta de fevereiro de 1959, aludindo a um de seu poemas mais conhecidos, "Uma espécie de canção".

http://www.culturapara.art.br/opoema/williamcarloswilliams/williamcarloswilliams.htm

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