sábado, 13 de junho de 2009

Madrugada ensolarada

Ontem acordei e não pude ver a lua
ela já tinha caído no mar!

Na hora de dormir dois sóis estiveram a brilhar o tempo todo
E quase não se via os caramujos no céu!

A madrugada estava linda
Um sol perene a banhava
com uma chuvinha de leve-leve

Tudo era tão bonito!

E então vieram as leis...
Remexeram e mexeram
Deixaram o mundo como está:

Sem sonho

Hoje acordo e vejo prédios.
Na hora de dormir o único brilho é o dos postes.
A madrugada é barulhenta e odiosa.

Não sou mais poeta.
Sou uma imagem inventada de poeta.
um poeta cheio de cinzas.
e sem graça.
um poeta que perdeu a alma.
que perdeu a lua.
que perdeu o sol.
que perdeu a madrugada.
que perdeu o encanto.

Fr ag me nt ad o


Paula Cristina

2 comentários:

  1. Belo poema. Transpira Lorca: "Guardia civil caminera/dadme unos sorbitos de agua/pero agua con peces y barcos/ agua, agua, agua...". Surreal. Ou: "Huye luna,luna, luna/ que ya siento sus caballos/ niño, déjame, no pises/ mi blancor almidonado". Não pessimista, mas melancólico, como a transparecer a saudade de algo que nunca se teve.

    Eduardo
    eduardocardoso@uol.com.br

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