sábado, 29 de dezembro de 2012

Novo?

Por que temos a ligeira impressão de que mudar algarismos significa mudar de vida? Se a mudança depende de atitudes e atitudes nada têm a ver com números, então, por quê esperamos a troca de ano para tomar iniciativas? Será algo "psicológico"? Sendo ou não é um bom momento para rever metas e objetivos: o que foi alcançado, o que precisa melhorar, enfim, esse tipo de autoestima que damos a nós próprios. Não é ruim, só deveria acontecer constantemente e não apenas entre 31 e 01. Simples, assim. Mas, como todo bom humano acomodado em sua vida particular, deixamos as mudanças, as expectativas, os sonhos, os amores, tudo. Tudo para o próximo ano.
Pensemos...


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

O Guardador de Rebanhos

II


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo…
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…



Fernando Pessoa

Consequente



por Alfredo Rossetti


não sei de onde eu vim

e para onde vou me inquieta

vivo entre a lógica e a loucura


daí, poeta.

Soneto 003

003
Camões

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Felicidade Clandestina

 "(...) Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra."


Clarice Lispector

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

15 de Outubro - Dia dos Professores


Aqui neste lugar





Sérgio Britto e Negra LI
Ninguém sabe
Quanto cabe pedir
E alguém sabe
Quanto cabe dar
Ninguém sabe
Quando cabe ouvir
E alguém sabe
Quando cabe falar
Meu amor
Será que eu posso perguntar
Quanto amor
Ainda cabe nesse seu olhar
Nós temos um ao outro, o mundo é muito pouco
Temos um ao outro e a noite para inventar
Nós temos um ao outro, o mundo é muito pouco
Temos um ao outro e o dia pode esperar
Ninguém sabe
Quanto cabe insistir
E alguém sabe
O que cabe aceitar
Ninguém sabe
Quando admitir
E alguém sabe
O que cabe negar
Meu amor
Será que eu sei adivinhar
Quanto amor
Ainda cabe aqui neste lugar
Nós temos um ao outro, o mundo é muito pouco
Temos um ao outro e a noite para inventar
Nós temos um ao outro, o mundo é muito pouco
Temos um ao outro e o dia pode esperar

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

meus deus a vida está passando

meu deus a vida está passando e as coisas vão acontecendo e tudo é uma grande loucura e nesse mar efervescente de milhões de tarefas e milhões de dias e datas acontece o pior e você se descabela e você já não quer entender e quer mandar todos pro inferno é tudo é uma grande alegoria da qual você é o ornamento mais importante e há tanto ruído e gritos que você quer fugir desse emaranhado de ilusões e desespero mas você se desespera o dia é um lixo a única esperança é dormir e acordar com outra vida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dê-me sua mão

E tudo como costumeiro continua a andar.
Dê-me sua mão.
Penso estar em um cubo cuja saída não há.
É tridimensional.
Dê-me sua mão.
E já não sei mais pensar.
Dê-me sua mão.
A vida robótica indica a perda da subjetividade.
Dê-me sua mão.
A única coisa que sei desejar.

Paula Cristina

sábado, 19 de maio de 2012

Não achar sonhos besteira

"Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira"


Fragmento da música "Shimabalaiê", por Maria Gadú

Eu só vou gostar de quem gosta de mim

http://www.youtube.com/watch?v=Hfo6glc7o5c

A Roupa nova do poeta

"Laurindo Rebelo (1826-1864) é considerado um dos grandes poetas românticos brasileiros. Natural do Rio de Janeiro, tinha um grande talento satírico, além de ser mestre no improviso. Muito querido por onde passava, também era conhecido como Poeta Lagartixa - dizem que por causa da magreza e por ser desengonçado. Em certa ocasião, durante a organização de uma festa, alguém sugeriu que o poeta fosse convidado. Uma pessoa da família foi contra: 'Agora não é possível. A roupa dele está num estado deplorável'. E a festa acabou acontecendo sem o costumeiro show do Laurindo. Tempos depois, quando o poeta já havia providenciado uma roupa nova, foi convidado para outra festa da mesma família. Durante a festa, a família já estava preocupada com o atraso do ilustre convidado quando alguém chegou à porta. Era um carregador, que trazia um embrulho com um bilhete: 'Aí vai o Laurindo!'. No pacote, uma roupa nova."
Em Superstição do Brasil, de Câmara Cascudo.

Revista de História da Biblioteca Nacional ano7 nº 73 Outubro 2011  - página 85.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

...


Surpresa

Não devemos dizer nunca que não poderemos ser surpreendidos por alguém ou por alguma coisa.
Quanto o minuto desgasta, a surpresa aparece. Repentina, imponente, rainha de si e de seus mistérios.
E um desapontamento acomete o nosso ser.
Seremos tolos a ponto de sermos enganados por nós mesmos?
Nossos pensamentos ingênuos e infantis?


Paula, Paula Cristina ou Paula Corrêa?

Letras e Poesias, retorno.


Eis que o retorno é ornado de palavras ávidas, sussurrantes.
Letras e Poesias que se unem,
configuram,
desfiguram,
procurando novos sabores,
novas caras,
novos leitores.

Paula Cristina