sexta-feira, 3 de julho de 2009

A morte espero

A morte espero

(A Álvares de Azevedo ou a Lord Byron)

Negra
Escuridão
Profunda
Ventos ululantes e raivosos
E um gosto azedo na boca
Total tristeza aprofunda-me as entranhas
E sangram
Minha última lágrima é cheia de ódio
Ódio ou Conformidade?
O vento me gela a alma
Corta-me a garganta em fatias
Quero gritar
- Eu sofro
Meu sofrimento é tão vasto como os mares
Naus de raiva e delírio por eles navegam
Uma dor de perda
De perda de vida
Que se cala no peito e lateja
um-a-um pensamentos mil
Fogem da minha cabeça
Hoje não sou nada
Tal desespero me leva à loucura
Quero correr
- Pois que corra!
Jocosos jogos da vida
Jocosos e amargos
Sangram-me as mãos e os pés
Nada sou
Nada posso fazer
Nada
A morte espero
O frio geme, a escuridão avança e mais nada.


Paula Cristina

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