domingo, 8 de agosto de 2010

Simplesmente



Canteiros


Canteiros
Fagner




Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento

Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.


Os meus olhos têm a fome do horizonte...



Dezembros
Zeca Baleiro

Nunca mais a natureza da manhã
E a beleza no artifício da cidade
Num edifício sem janela
Desenhei os olhos dela
Entre vestígios de bala
E a luz da televisão

Os meus olhos têm a fome Do horizonte
Sua face é um espelho Sem promessa
Por dezembros atravesso
Oceanos e desertos
Vendo a morte assim tão perto
Minha vida em suas mãos

O trem se vai

Na noite sem estrelas
E o dia vem
Nem eu nem trem nem ela