terça-feira, 28 de julho de 2009

Víboras

Víboras
Aos meus "amigos"

Víboras
Víboras
Peçonhentas
Hípócritas
Indecentes

tipo de gente
que quero bem longe de mim

- SAIAM TODOS DAQUI ! VOLTEM PARA SUAS TOCAS

animalescos
homens sem alma
sem honra
sem palavra

Víboras hipócritas
Víboras peconhentas
Víboras indecentes
tipinho de gente que não é gente
palavras sujas
imundas palavras
atos sem bravura
falsa honra e tudo mais

APLAUSOS
- Aplaudam esses senhores! Aplaudam! Eles querem aplausos!

homens vividos de palmas
e um tonzinho arrogante
arrogantes
impenetrantes
desconfiáveis

gente suja de lama
não é tão suja
como a mente porca de vocês

unam-se, deem as mãos
cantem uma canção bonita falando da vida
e emporcalhem toda a filosofia

Víboras

- SAIAM TODOS DAQUI!


Paula Cristina

domingo, 26 de julho de 2009

quero voltar

"quero voltar"

calçadas frias
dissidentes frios
vasos vazios

é só ilusão
essa vida
eu sei

fugas malditas
palavras não-ditas

quero voltar

é só ilusão
essa vida
eu sei

atos insconstantes
noites berrantes

calçadas frias
dissidentes frios
vasos vazios


Paula Cristina

Uma resposta


Fez uma pergunta.
Uma pergunta secreta.
Como atingir as nuvens e descrever os céus?
Não há céus.
Só nuvens.
Eu vejo nuvens.

Ornar com flores
Todas as palavras proferidas
e queridas
de mil cores

Tem uma coisa em mim
e eu não vejo o ceú
apenas as nuvens
e vem uma luz
e não sei agora
de onde vem
e eu não vejo o céu
vejo nuvens
só sei que você é o meu bem

Cores? Não sei
Perfumes? Não sei
Eu não sei
Eu vejo nuvens de formatos mil
E eu não vejo o céu: eu vejo nuvens
Belas puras doces carinhosas nuvens

Levou-me não aos céus
Levou-me às nuvens!
______________________
Paula Cristina

Câmera Indiscreta

CÂMERA INDISCRETA
(Ademir Assunção)

olho o olho que me olha
olho o olho
olho a lua
o olho que me olha olha mas não vê

olho o olho que me olha
olho a rua a lua a rua a rua a rua
eu atravesso a rua
o olho que me olha olha mas não sabe o quê

olho o olho no espelho
olho de loba
o olho que me olha olha mas não lê

vou olhando olho a olho corpo a corpo
olho ilhas
olho dentro de você


Ademir Assunção

"Escrito a Sangue"
Ademir Assunção

ruas escuras
atravessado
eu atravesso
reviro o avesso
nele me meço
olho de lince
encaro a face da fera
espelhos se estilhaçam
rasgam minha cara
cai a neblina do vazio
frio na barriga
pago o preço
erva bola cogumelo
volto ao começo
escapo com vida
desconverso
verso escrito a sangue
desapareço
quanto mais
menos
me pareço
eco de bicho homem
ego sem endereço


Contato: Ademir Assunção
zonabranca@uol.com.br
http://zonabranca.blog.uol.com.br/

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Juó Bananère

Paródia de Juó Bananère ao poema “Canção do exílio” de Gonçalves Dias



Migna terra tê parmeras,

Che ganta inzima o sabiá.

As aves che stó aqui,

Tambê tuttos sabi gorgeá.

A abobora celestia tambê,

Che tê lá na mia terra,

Tê moltos millió di strella

Che non tê na Ingraterra.

Os rios lá sô maise grandi

Dus rios di tuttas naçó;

I os matto si perde di vista,

Nu meio da imensidó.

Na migna terra tê parmeras

Dove ganta a galigna dangola;

Na migna terra tê o Vap’relli,

Chi só anda di gartolla.

Juó Bananère


Conhecido por Juó Bananère, o paulista Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, nascido em 11/04//1882, nos deixou apenas uma única obra La divina Increnca, 1915 (atualmente, uma raridade bibliográfica). Parodiou escritores consagrados como Camões, Olavo Bilac, Casimiro de Abreu, Guerra Junqueira, La Fontaine, Machado de Assis, entre outros e alguns figurões da velha República, como o marechal Hermes da Fonseca.

Juó Bananère intitulava-se Gandidato á Gademia Baolista di Letteras (Candidato à Academia Paulista de Letras).

Otto Maria Carpeaux, em interessante estudo, considerou Juó Bananere um pré-modernista, principalmente pelo fato de ter começado a tratar de forma irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo, até então levadas muito a sério.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Problemas???


" A existência dos problemas é uma benção porque nos obriga a ser melhores."

Gabriel Perissé

O Leitor Criativo

terça-feira, 14 de julho de 2009

Arquivo

Poemas antigos e inacabados:


Se desejo algo é porque não estou completo.
Falta em mim o que procuro.
E o que procuro só posso encontrar em mim.
A completude se fará perfeita
Quando eu não desejar.
Se desejo algo é porque não estou completo.

Paula Cristina

És tempo de ter tempo
para olhar para si
mesmo e admitir
quem realmente és...

Paula Cristina


Frase


"O mundo é belo antes de ser verdadeiro"

Gaston Bachelard

segunda-feira, 13 de julho de 2009

"To be free"


Ditador

"Ditador", por David Hopffer C. Almada (Cabo Verde)

Sobre a tua cabeça
Disparo
A lei desfeita
Em pedaços
E dos pedaços
Desses pedaços
Sai a sorte
Que te destino

VII (Valdemar Velhinho)

VII
Adormecem as aves da tarde
e as acácias, como eu,
aguardam o instante das coisas
______________________________
Valdemar Valentino Velhinho Rodrigues, poeta cabo verdiano

Acerca do Amor

"Acerca do amor", por Filinto Elisio*

Do amor só digo isto:

o sol adormece ao crepúsculo
no oferecido colo do poente
e nada é tão belo e íntimo

O resto é business dos amantes
Dizê-lo seria fragmentar a lua inteira

_________________________
* poeta de Cabo Verde. Poesia publicada em Poesia africana de língua portuguesa (antologia). Lacerda Editores. 2003

Sem Imprevisto (Bia Lopes)

Dias em que acordo enganada e não compreendo quando herberto diz "amo". Acreditar palavras quando preciso vestir gestos? Subo e desço espirais vertida nos braços de minha mãe. Respiro labirintos resumo vidros e vistas de uma janela. Dizem "não é nada", fantasmas carregam-me por avenidas e entre tantos líquidos incompreensíveis um branco soro percorre-me. Almoço telefonemas que desaparecem por veias de mesa. Sorvo mentiras que não consigo desmentir. Sem becos para meus desenganos, sem sangue para minhas quedas, durmo para o impossível.
Bia Lopes.
Tantas Letras!
São Bernardo do Campo

Pesadelo

O porquê daqueles gritos?
Aquela dor ruidosa e rasteira...
Crianças do lado de fora do mundo
Incrível perturbação indizível:
Era um pesadelo.
Paula Cristina

II (Hai Kai)

II

Lendo li o que nunca fora lido.
A vida é assim mesmo:
Um mistério

Paula Cristina

Nós

Nós

Não sei se foi a primeira vez.
Eu ouvi você falar em "nós".
Melhor amor não há.
União de letras
União de corpos

de almas

Paula Cristina

sábado, 11 de julho de 2009

11/07


o interminável dia de chuva

chuva é assim não pàra cai gota a gota e não pára e você torcendo para que passe logo todo esse aguaceiro para que possa finalmente passear ou ir ao mercado se entupir de besteiras tipo doces danones sucrilhos e pastéis e nada pois a chuva não passa.
chove chuva chove sem parar lá na esquina porque eu quero andar e nada nada nada a bendita malvada da chuva não passa tudo bem eu irei até a locadora me molharei toda e devolverei aquele filme e hoje está quase predestinado a ser mais um dia de filmes minha cabeça dói essa dor é da tv culpa da mídia e da classe dominante com esses programa babacas de final de semana e mais babaca sou eu que sem fazer nada ou sem coragem para fazer acabo nesse lenga lenga da chuva e o tempo não passa chove chove chove e cada vez mais chove chove.
parece que a garoa vem diminuindo arrisco ou não estou com preguiça hoje o tempo não está a meu favor.
é acho que agora parou.
que nada começou tudo outra vez chuva é assim não pàra cai gota a gota e não pàra e você torcendo para que passe logo todo esse aguaceiro para que possa finalmente passear ou ir ao mercado se entupir de besteiras tipo doces danones sucrilhos e pastéis e nada pois a chuva não passa.
Paula Cristina
11/07 - "o interminável dia de chuva"

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu sei que vou te amar (parte II)

Eu sei que vou te amar - Arnaldo Jabor
"(...) A minha querida santinha em casa... e a guerreira loura na noite... esta é uma verdade! (...)" p. 69
" Vai!!! Vai, sua filha de uma grandíssima vaca!!! Imagina se eu ligo que você vai embora!!! Pode ir, minha filhinha, pros braços de outro homem!!! (...)" p. 73
"(...) As mulheres... as mulheres são umas putas escrotas mais malvadas que os homens porque elas param de amar e o homem não pàra nunca de amar! O homem não pàra de amar! a mulher pàra! ... A mulher pàra... o homem não!"
"A que horas , minha senhora, a senhora parou de me amar e começou a amar fulano de tal?" p. 77
" No mundo cor-de-rosa em que vivíamos havia uma crueldade implícita e uma brutalidade que me fazem medo quando eu penso..." p. 83
" Sim...sim... sim... sim... sim, mamãe... sim querido... sim , sim, todo mundo... sim... eu abro as pernas... sim, eu vou sorrir... sim, meu amor... você sorrindo com superioridade sobre minha inocência... obrigada... coitadinha... tão bobinha... tão fraquinha... eu gosto tanto desta bobinha... não é, minha bobinha? (...)" p. 83/84
"Ouve!!! Eu me apaixonei por outro homem porque você não me emocionava mais. Eu vi nos olhos dele uma beleza que era eu e que teus olhos não refletiam mais... Ele me ouvia... esquecia de si mesmo e me ouvia... ele se encantava comigo, com meu ar em volta...(...)" p. 95
" (...) nunca você me amou tanto... homem só ama quando perde a mulher... (...)" p. 95/96
" Claro!!! Sabe por que você está alegre? Porque está livre do amor! Amor é a coisa mais infernal que existe! Amor é uma bosta!!! Uma bosta!" p. 105
"O corpo dela está parado... vou me aproximando devagar(...)" p. 118
" Por favor, não se aproxime!..." p. 119
" Eu queria dizer...
Um beijo fecha minha boca, um beijo fecha minha boca!" p. 131
Eu sei que vou te amar - Arnaldo Jabor
Um casal se reencontra depois da separação. O que dizer e, principalmente, sobre o que calar?
Tensa, cruel, apaixonada - a discussão da relação flutua entre mentiras gentis e verdades duras de ouvir, confissões e delírios. O abismo entre o que se diz e o que se sente pode ser superado?

Eu sei que vou te amar

Eu sei que vou te amar Arnaldo Jabor
"Você me chamou por telefone. Não te vejo há três meses... seis anos juntos e agora sem te ver... pela tua voz no telefone sei que você está controlando uma emoção, querendo bancar o homem seguro de si... e fico desesperada porque mesmo assim você consegue fingir solidez e eu... e eu... ao ouvir tua voz, o mundo se acalma (...)" p. 14
" É... esse negócio de casamento não dá mais pé: instituição pesada... antigamente ainda tinha a família patriarcal... os pais na mesa... a amante no bordel... hoje em dia a única finalidade do casamento é a repressão sexual do parceiro... só isso..." p. 19
"Ah... minha querida, eu tenho é medo dessa simbiose da gente... com você eu quis mais que um casamento... eu quis tocar uma verdade, eu quis dar um beijo que ficasse, um gozo que não passasse mais, uma marca de amor que não saisse da tua pele, te marcar, te suar... virar você..." p. 32
" - Não vou atender!
- Atende, deve ser alguma amiguinha...
- Não vou atender! Não é mulher nenhuma... é que eu não quero me incomodar... não atendo..." p. 35
" Eu vou matar esse cara" p. 37
" Santa mãe! Como eu estou babaca, passando imagem de verdadeiro...
- Sei que é babaquice, querer ser o verdadeiro... espera... vou ser mais simples... será que a gente não podia ser mais puro, e falar tudo que sente pelo outro... ninguém tem essa coragem... será que a gente ... não podia correr este perigo?..." p. 39/40
" - Quer dizer, eu percebia... mas sempre dois segundos depois... sempre que eu fazia uma besteira, eu percebia dois segundos depois..." p. 46
" O que me faz sofrer é sentir que o que encheria qualquer mulher de felicidade, ou seja, ter o teu maravilhoso amor de homem e as coisas lindas que você me diz, tudo isto me causa ansiedade e me leva ao desespero.(...)" p. 50
" Ai!... Meu Deus do céu... como a verdade de um homem é diferente ds verdade de uma mulher... eu... eu... fiz tudo pra essa mulher... mas ela só lembra dos erros... mulher só contabiliza coisas negativas... só... 'estraguei a vida dela'... tá legal... e as milhares de vezes que eu a protegi sem ela saber, hein? E a mão protegendo dos golpes do mundo, hien? E a contemplação muda da ingenuidade, e os ensinamentos discretos? E a carícia desinteressada? E a ejaculação contida pelo bem dela? E a muda concordância e a bobagem consentida para evitar o triunfo sobre a juvenil ignorância ? Nada conta? Nada... nada... (...)" p. 51
" (...) Às vezes eu acordava de madrugada e ia olhar pela janela... tinha uma janela baixa que dava pra um jardim... rosas... rosas... (...)
- Rosas... eu olhava minha mulher dormindo... e pensava: 'A vida é perfeita'. " p. 52/ 53
"(...) Eu também contemplei o doutor dormindo enquanto eu trocava fraldas! (...) " p. 55
" - Pois saiba que a família é insuportável!!! Todos os homens e mulheres ficam loucos dentro de casa !!! A casa é pequena demais pro desejo humano... eu não sei o que é amor!!! Quando eu estava casado vivia indo aos puteiros da cidade, mergulhando na mais doida sordidez, e de noite eu ia para casa purificado, de banho tomado!!! Só assim pode haver o pai de família exemplar... eu era um marido exemplar que mergulhava com as putas em piscinas sujas!" p. 67

quarta-feira, 8 de julho de 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Dom Quixote




Dom Quixote de La Mancha, escrito por Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616).



"Todas as coisas humanas têm dois aspectos... para dizer a verdade todo este mundo não é senão uma sombra e uma aparência; mas esta grande e interminável comédia não pode representar-se de um outro modo. Tudo na vida é tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que não podemos nos assegurar de nenhuma verdade."
Erasmo – Elogio da Loucura, 1509

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A morte espero

A morte espero

(A Álvares de Azevedo ou a Lord Byron)

Negra
Escuridão
Profunda
Ventos ululantes e raivosos
E um gosto azedo na boca
Total tristeza aprofunda-me as entranhas
E sangram
Minha última lágrima é cheia de ódio
Ódio ou Conformidade?
O vento me gela a alma
Corta-me a garganta em fatias
Quero gritar
- Eu sofro
Meu sofrimento é tão vasto como os mares
Naus de raiva e delírio por eles navegam
Uma dor de perda
De perda de vida
Que se cala no peito e lateja
um-a-um pensamentos mil
Fogem da minha cabeça
Hoje não sou nada
Tal desespero me leva à loucura
Quero correr
- Pois que corra!
Jocosos jogos da vida
Jocosos e amargos
Sangram-me as mãos e os pés
Nada sou
Nada posso fazer
Nada
A morte espero
O frio geme, a escuridão avança e mais nada.


Paula Cristina

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Seara de Vento

"(...) A terrível presença do irremediável e a vaga, tardia, sensação de que tudo foi inútil dão-lhe agora destrambelhados ímpetos de investir de novo, contra todos os que se encontram ainda lá dentro, acabar com todos, a um por um."
p. 146 Seara de vento 17ª ed. Caminho

" - Digam à minha neta! Digam-lhe que ela tem razão! Um homem só não vale nada!"
p.173 Seara de vento 17ª ed. Caminho

Autor: Manuel da Fonseca

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Moça

Moça
Caetano Veloso


Moça
Me espere amanhã
Levo o meu coração
Pronto pra te entregar

Moça
Moça eu te prometo
Eu me viro do avesso
Só pra te abraçar

Moça
Sei que já não é pura
Teu passado é tão forte
Pode até machucar

Moça
Dobre as mangas do tempo
Jogue o teu sentimento
Todo em minhas mãos

Eu quero me enrolar
Nos teus cabelos
Abraçar
Teu corpo inteiro
Morrer de amor
De amor me perder

Eu quero
Eu quero

Eu quero me enrolar
Nos teus cabelos
Abraçar
Teu corpo inteiro
Morrer de amor
De amor me perder

Leituras


Leituras:

Morte e Vida Severina. João Cabral de Melo Neto

Seara de Vento. Manuel da Fonseca

Vidas Secas. Graciliano Ramos

A Hora da Estrela. Clarice Lispector

” O bicho” – poema de Manuel Bandeira

Capitães da Areia. Jorge Amado

Filhos da Pátria. João Melo