sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Companheiros

Companheiros
Mia Couto


quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho

e quando ficar sem mim
não tereri escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados

deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros

mas não lego
mapa nem bússola
por que andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver

hei-de inventar
um verso que vos faç justiça

por ora
basta-me o arco-íris

em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço

companheiros

Um comentário:

  1. mas não "lego"
    mapa nem bússola
    por que andei sempre
    sobre meus pés
    e doeu-me
    às vezes
    viver

    hei-de inventar
    um verso que vos "faç" justiça

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